29 novembro
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Historicamente, há uma ENORME diferença entre o Karate 唐手 praticado sem fins de difusão popular e o Karate 空手 exportado para o Japão. Ah! Sim! Há dois pares de ideogramas diferentes para a palavra “Karate”…

唐手 Karate – Estes ideogramas também podem ser lidos “Tôde”.
空手 Karate – A versão final para a designação da arte praticada hoje em dia.


Além disso, como é sabido (ou pelo menos deveria ser), o ensino dos Kata que conhecemos hoje não é nem de longe o espelho de como era o ensino original. Por quê?! Porque antigamente o mestre ensinava o Kata que mais se adaptasse a determinado tipo de aluno e só ensinava a totalidade (ou quase totalidade) ao aluno que o iria suceder. Assim, um Kata que era ensinado para um aluno não era obrigatoriamente o Kata que seria ensinado para outro. O contexto de “aprender TODOS os Kata” de determinado estilo é “coisa recente”.

Veja também nesse blog:

O que nos leva a uma consideração simples: não seria a forma antiga de transmissão do Kata a mais coerente?

Vejamos… para um estilo como o Gôjû-ryû 剛柔流 com um pouco mais de uma dezena de Kata, aprender todos os Kata parece não ser problema intransponível (mesmo que alguns mestres mais “iluminados” do que outros apresentem tal esforço como sendo “inatingível em uma vida apenas”).

Por outro lado, um estilo como o Shitô-ryû 糸東流 que engloba os Kata de Itosu 糸洲 e Higaonna 東恩納 – eu não faço idéia da totalidade de Kata que devem ser aprendidos (adicione-se a isso a mesmíssima idéia anterior de que dominar um Kata “é um esforço inatingível em uma vida apenas”) –  o que nos leva novamente à mesma questão anterior: não seria a forma antiga de transmissão do Kata a mais coerente?

Naturalmente a resposta é bastante simples: no contexto ATUAL, adaptar os Kata aos alunos está fora de questão porque faria diminuir o número de instrutores e isso é “inconveniente” para os propósitos de difusão de um determinado estilo de Arte Marcial.

“Quando dizemos: “Eu tenho um corpo, eu tenho uma mão …” uma separação já está em vigor. Este tipo de formulação antes não existia em japonês, que foi inventado para traduzir idiomas Ocidentais. Esta separação não é sentida na técnica “waza” (técnica conectada ao corpo). Qualquer um que adquire esta espécie de técnica tem a experiência de uma unidade total: “Eu sou o corpo, eu sou a mão” – além disso, “Eu sou a técnica, eu sou o que é feito”. Neste sentido, o eu desaparece.

Não se da para entender o que isso tem a ver com “Compreender um Kata”.

Compreende-se um Kata através dos seus Bunkai 分解. Onde:
分 BUN – Parte(s)
解 KAI – Compreender, entender, saber.

Compreender um Kata implica compreender as suas partes, sua aplicação e objetivos de cada movimento. Isso implica estudar a mecânica do seu funcionamento, o resultado pretendido referente a cada técnica e sua aplicação como transmissão de ensinamento original e perpetuação do estilo que se pratica.

OSU

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